segunda-feira, 9 de março de 2009

Que cara a $olidão...



A solidão me deixou pobre. Talvez ela tenha atacado minha carteira como uma forma de se vingar por eu ter tanto medo dela. Pra falar a verdade, eu morro de medo de ficar sozinho. Pra mim, a solidão tem uma cor roxa escura, quase preta, e ela é gelada, tipo um cadáver. É medonho. O pior é que ela aparece em horas e lugares completamente inesperados, como se fosse um fantasma que vira e mexe aparece pra assustar. Há alguns dias atrás, por exemplo, eu entrei no meu quarto e ela estava ali, me esperando. É simplesmente assustador me deparar com ela. E eu, completamente indefeso, mas corajoso, me arrisquei a entrar no quarto. Parecia que tudo já estava contaminado pela solidão. A cama parecia estar maior do que o normal, as paredes me sufocavam no silêncio daquele lugar vazio, na televisão não passava nenhum programa legal,...
Tudo contribuia para que eu me sentisse mais sozinho. O mundo estava contra mim.

Menos o telefone.

Olhar pra ele foi como ver uma luz no fim do túnel. Era a única esperança para um jovem coitado solitário - a pior coisa que acontece quando nos sentimos assim, tão autopiedosos, é que nos tornamos inconsequentes dos nossos atos e dos nossos gastos - e então, logo peguei o telefone e liguei para uns 10 amigos e nem sequer me importei com o que estavam fazendo. Naquele momento eles iam ser só meus. Meus e só. Porque só, eu não podia ficar. Desesperadamente eu não podia. Era como se eu fosse um drogadito na abstinência de sua droga. Sem ela, é doloroso enfrentar a realidade e não ter pra onde fugir. Mas como qualquer dependente, quando ele acha sua droga, ele abusa.
O problema então apareceu no mês seguinte, quando a conta telefônica chegou. O valor foi tão alto que eu aprendi uma lição: é melhor enfrentar meus medos do que pagar caro para a solidão.